O ensino de alfabetização e a educação
de adultos na província de Nampula, em anos anteriores, vinham tendo bons
resultados nas localidades, postos administrativos e até mesmo na cidade
capital da província. Muitas pessoas passaram a saber ler e escrever, graças ao
programa de alfabetização e ao esforço do Ministério da Educação e Cultura.
Contudo, nos últimos três (3) anos, o
ensino de alfabetização tem demonstrado sinais de enfraquecimento,
principalmente nos distritos. Os esforços anteriormente feitos pelo Ministério
da Educação têm diminuído significativamente. Mozanorte conversou com
alguns professores que já leccionaram ou ainda leccionam em diversos distritos
da província de Nampula. Todos confirmaram que a educação, particularmente no
que diz respeito à alfabetização e à educação de adultos, está em declínio.
Segundo os professores, o Ministério da
Educação e Cultura tem negligenciado os alfabetizadores, o que tem gerado
preocupação. Eles questionam se essa situação ocorre em todo o país ou se é
algo específico da província de Nampula. A situação agravou-se em 2025, sendo
que, até agora, em algumas zonas de determinados distritos, as aulas ainda não
começaram.
Um dos principais problemas apontados é
o atraso no pagamento de salários aos professores de alfabetização. Muitos
estão há anos sem receber, apesar de já terem assinado contrato. Em alguns
distritos, há alfabetizadores que não recebem salários há dois anos; em outros,
há pelo menos um ano. “Será que o problema está na província ou nos distritos?”,
questionam as nossas fontes.
“Este ano, muitos professores assinaram
contrato, mas não estão a leccionar. Segundo eles, não iniciarão as aulas sem
receber os salários em atraso. Até nas aldeias, localidades e postos
administrativos, pais e mães demonstram preocupação, pois o mês já está a
terminar e as aulas ainda não começaram”, relataram.
“Muitos distritos, ao convocarem os
professores para assinarem os contratos deste ano, foram confrontados com essa
preocupação. Os serviços distritais prometeram resolver o problema, garantindo
que os professores receberiam mensalmente o equivalente a dois meses de
salário, o mês actual e um mês em atraso, até que a dívida fosse liquidada”,
acrescentaram.
Os alfabetizadores entrevistados
afirmam que até a mídia evita abordar o tema da alfabetização, enquanto o país
ainda enfrenta altos índices de analfabetismo. “Neste ano, muitos professores
nem sequer quiseram assinar o contrato. Trabalham muito, mas sem remuneração.
Já estamos em Maio e os alfabetizadores ainda não receberam os salários do ano
passado. Alguns até assinaram contrato, mas já desistiram”, disseram.
As direcções distritais e provinciais
ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto. Como consequência, há
várias zonas da província onde não existe mais oferta de educação para adultos
analfabetos. Isso acontece principalmente por falta de professores, já que a
maioria dos antigos desistiu, alegando ausência de benefícios pelo trabalho
realizado.
Até o momento, as autoridades
educacionais não apresentaram nenhuma justificativa pública para esta situação polémica. BP
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