Desde
o final do ano de 2024, no norte de Moçambique, especialmente na província de
Nampula, tem-se registado um aumento de incursões em quase todos os
distritos.
Jovens
e adultos têm-se juntado voluntariamente a um mestre de medicina tradicional
(curandeiro), formando um grupo conhecido como Namparamas.
Inicialmente,
segundo relatos dos próprios envolvidos, o objectivo era integrar-se em
manifestações. Qualquer pessoa contrária ao grupo, incluindo as forças de
defesa e segurança, tornava-se alvo de ataques com varas, catanas, azagaias e
outros instrumentos rudimentares.
Com
o tempo, a situação agravou-se. Os Namparamas isolaram-se dos manifestantes e
estabeleceram os seus próprios quartéis, onde planeiam ataques contra civis,
polícias e militares. O curandeiro continua a recrutar novos membros para
aumentar o número de seguidores.
Há
cerca de quatro meses, registaram-se ataques dos Namparamas contra agentes da
polícia em vários distritos da província de Nampula. Alguns membros do grupo
foram capturados pela Polícia da República de Moçambique. Outros acabaram por
se arrepender e entregaram-se voluntariamente às autoridades, jurando nunca
mais regressar ao movimento.
A
maior preocupação da população em relação aos Namparamas é o desconhecimento do
seu verdadeiro objectivo. Segundo testemunhos de pessoas que viveram a situação
de perto, como no caso recente em Angoche, há relatos de que alguns membros do
grupo portam armas de fogo, como a AK-47. A grande dúvida é: de onde vêm essas
armas?
Boatos
nas comunidades após o ataque em Angoche
No
posto administrativo de Aube, no distrito de Angoche, já ocorreram dois ataques
violentos. A população local sente-se cada vez mais ameaçada. Essa sensação de
insegurança não se restringe apenas a Angoche, mas estende-se por quase toda a
zona costeira da província.
Por
exemplo, em algumas localidades dos distritos de Angoche, Liúpo e Mogincual,
após a aparição de um barco suspeito no posto administrativo de Quinga (Liúpo),
começaram a circular boatos de que os insurgentes já estão infiltrados na
região e que seria apenas uma questão de tempo até iniciarem novos ataques.
Actualmente,
algumas famílias permanecem nas machambas, enquanto outras procuraram refúgio
nas vilas-sede dos distritos. A situação dos Namparamas preocupa até mesmo o
governo provincial.
A
população apela às autoridades competentes para que tomem medidas urgentes e
eficazes, lembrando que a província vizinha de Cabo Delgado também enfrentou
uma situação similar, que começou com pequenos grupos e evoluiu para um
conflito sério. Os Namparamas devem ser investigados a fundo, especialmente no
que diz respeito à origem das suas armas, assim apelaram. (BP & redacção do Mozanorte)
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