A manhã de hoje (3), que deveria ser marcada por risos e movimento durante
a aula de educação física no campo do bairro Pamunda, tornou-se um momento de
desespero e confusão para alunos, professores e pais na vila de Mocímboa da
Praia.
Cinco alunas da escola primaria 3 Congresso desmaiaram repentinamente no
campo da escola, vítimas, segundo relatos, de um “espírito mau” que há meses
ronda os estabelecimentos de ensino da região.
Este não foi um caso isolado, desde o ano passado, situações semelhantes
vêm se repetindo, criando um clima de medo crescente entre os estudantes e os
encarregados de educação.
Não se trata apenas de um fenómeno espiritual ou religioso, mas de uma
manifestação que exige uma abordagem multidisciplinar urgente, consideram
certas fontes.
Os pais contam que já pediram explicações à direcção da escola e ao governo
distrital, mas até agora a resposta tem sido o silêncio e a repetição dos
episódios.
“Do início, pensávamos que era algo passageiro, algo que afectava apenas
certas escolas. Mas agora, nossas crianças são perseguidas até nas aulas de
educação física, quando deveriam estar livres e descontraídas”, lamenta um
encarregado de educação.
O medo de desmaiar a qualquer momento, a pressão social e os estigmas associados estão a criar um ambiente escolar tenso e emocionalmente desgastante. Algumas famílias já cogitam tirar os filhos da escola, temendo que o fenómeno se agrave ainda mais.
Entre a racionalidade científica e a crença espiritual, muitos ficam sem
respostas concretas, mas todos concordam numa coisa: os alunos não se sentem
seguros.
"Ignorar ou desvalorizar este problema é deixar que o medo vença a
esperança, é comprometer o direito básico à educação e ao bem-estar. A solução
não está em discursos apressados ou negações simplistas, mas na escuta activa,
na investigação séria e na acção colectiva", advertiu outro morador.
Mozanorte observou que na maior parte das salas de aula de Mocímboa da
Praia, têm problemas de manual escolar. (Armando
António)
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