Nas ruas de Mocímboa da Praia, onde a
esperança tenta renascer entre os escombros do passado recente, o transporte
público, especialmente as chapas 100 tornou-se mais um fardo para quem já vive
no limite dos bairros e que queira chegar no centro da vila.
O que antes custava 10 meticais agora
passou para 20, um aumento de 100% que, embora pareça pequeno para alguns, pesa
duramente no bolso da maioria.
Assim, para quem precisa se deslocar todos
os dias em busca de sustento, atendimento médico ou escola para os filhos, esse
acréscimo transforma-se em dor, revolta e impotência.
A justificativa dos transportadores segundo
apurou o Mozanorte é a de sempre, o combustível subiu. Mas, curiosamente,
quando o preço do litro desceu para 120 meticais, a tarifa continuou alta.
“Não é só o valor. É a falta de respeito
com as pessoas. Andamos apertados, nas cadeiras partidas, onde mal se consegue
respirar. E ainda somos obrigados a pagar mais?”, questiona dona Marta, mãe de
três filhos, que todos os dias depende das chapas para vender legumes no
mercado central da vila.
As reclamações vão além do preço. As
condições das viaturas são indignas, cadeiras esburacadas, recheadas de
percevejos, lataria que pinga por dentro quando chove, e motoristas que muitas
vezes ignoram os limites de lotação, desrespeitando a dignidade dos passageiros.
Comentário do autor:
Essa situação revela uma falha estrutural e
profunda na forma como os serviços básicos são geridos e fiscalizados. A
ausência de um sistema de transporte público eficiente e humanizado deixa a
população refém de um modelo informal, muitas vezes abusivo.
E embora os transportadores também
enfrentem desafios, como a manutenção das viaturas e a informalidade do setor,
o que se exige é equilíbrio, empatia e regulação justa.
0 Comments