Activista Social Ali Saide Muicuna é detido por posse de lista de terroristas

 

Pela internet é possível encontrar longas listas de supostos terroristas ou mesmo de terroristas confirmados. No entanto, a posse de uma lista semelhante por parte do activista social Ali Saide Muicuna foi suficiente para que as autoridades o detivessem, no dia 20 de abril, na localidade de Oasse, enquanto viajava em direcção à vila de Mocímboa da Praia, no norte de Cabo Delgado.

Segundo a Rede Moçambicana dos Defensores dos Direitos Humanos, Muicuna estava acompanhado por outros dois activistas, que foram libertados após efectuarem um pagamento em dinheiro.

Uma fonte revelou ao jornal "Mozanorte" que o pagamento não se tratou de um procedimento legal, mas sim, possivelmente, de uma extorsão por parte de agentes da PRM (Polícia da República de Moçambique) e de outras Forças de Defesa e Segurança (FDS), em troca da liberdade dos activistas. Em jogo eram mais de 100 mil meticais. Muicuna teria permanecido detido por não dispor de dinheiro.

Na ocasião, de acordo com a mesma fonte, os agentes alegaram que, por estar na posse de uma lista de terroristas, o activista deveria ter algum tipo de ligação com os grupos terroristas.

Apesar de várias insistências, Mozanorte não consegue apurar o nome de outros dois activistas, com os quais viajavam com Anli Saide Muicuna à Mocimboa da praia. 

No entanto, a Rede Moçambicana dos Defensores dos Direitos Humanos, em comunicado emitido no dia 9 de Junho, denunciou que Ali Saide Muicuna foi maltratado e levado ao juiz de instrução criminal sem o acompanhamento de um defensor público ou advogado, o que configura violação do artigo 62 da Constituição da República de Moçambique.

O activista detido na BO da cidade de Pemba já ajudou muitos investigadores e jornalistas da capital e fora do país a entenderem parte das dinâmicas do terrorismo em Cabo Delgado. 

A organização recorda ainda que, em circunstâncias semelhantes, o jornalista Amade Abubacar foi detido em 2019 enquanto investigava o perfil de integrantes do grupo terrorista que actua em Cabo Delgado desde 2017, tendo-se expandido também para a província de Nampula e mais recentemente na província. MOZANORTE

 

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