Está a ocorrer uma situação muito preocupante na província de Nampula, distrito de Memba, concretamente na aldeia de Muampacoma. Trata-se da distribuição de valores monetários, precedida por um processo de cadastramento. Após o registo, os beneficiários recebem um telemóvel e abrem uma conta emola para começarem a receber os valores.
No mesmo dia do cadastro, os registados começam a receber os montantes: no primeiro dia, entre 3.000,00 e 5.000,00 meticais; no dia seguinte, valores semelhantes; e, após uma semana, montantes que variam entre 35.000,00 e 60.000,00 meticais. Desde o início da distribuição já passou mais de uma semana.
Durante o cadastro, são recolhidos todos os dados pessoais dos beneficiários, incluindo fotografias, e recomenda-se que não abandonem a aldeia de origem. Caso a pessoa receba os valores e se desloque para outra zona, recebe uma chamada telefónica ameaçadora, alertando para não fugir da residência, sob pena de ser morta.
Apesar disso, muitas pessoas continuam a aderir ao processo de recepção do dinheiro. No entanto, até ao momento, ainda não se conhece a origem dos valores nem a identidade das pessoas responsáveis pela distribuição.
Importa referir que os beneficiários não são apenas naturais ou residentes da aldeia de Muampacoma ou do distrito de Memba. Cidadãos de outros distritos vizinhos, como Nacala Porto/Velha, Namapa, Nacaroa, Monapo, entre outros, têm-se deslocado ao local para se registarem e receberem os valores.
O distrito de Memba, na província de Nampula, é uma das zonas frequentemente atingidas por ataques terroristas. Há apenas três dias, registou-se uma agitação na zona de Chipene, no mesmo distrito. Perante esse contexto de instabilidade, situações como esta tornam-se ainda mais preocupantes.
Algumas pessoas dizem tratar-se de uma empresa, outras acreditam que seja um projeto, e há quem apenas receba o dinheiro sem saber a sua proveniência. Ao mesmo tempo, várias aldeias do distrito continuam a enfrentar ameaças de insurgentes, o que tem levado muitos residentes a fugir para outras zonas da província mesmo alguns desses deslocados afirmam estar a receber o dinheiro.
Desde o início desta distribuição, nem o governo distrital nem o provincial se pronunciaram oficialmente para esclarecer à população o que está realmente a acontecer naquela aldeia.
Entretanto, os beneficiários parecem não estar preocupados em saber de onde vem o dinheiro. (BP)

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