O académico Manuel Virica Severino, natural e residente na vila autárquica de Chiúre, fez uma retrospectiva dos 50 anos de independência de Moçambique.
Para a província de Cabo Delgado, o académico reconheceu que houve grandes avanços, destacando a área da comunicação como um marco importante para a região.
"A nível da província de Cabo Delgado, de forma geral, a comunicação foi um dos maiores avanços. Houve a construção de estradas em locais onde antes o acesso era extremamente difícil. Também houve melhorias na comunicação telefónica hoje temos telefone, internet, WhatsApp o que facilita a comunicação com familiares à distância.
Além disso, houve um crescimento significativo no sector do ensino técnico-profissional. Antes, a província não contava com institutos de formação profissional, mas atualmente Cabo Delgado possui cerca de cinco instituições deste tipo."
Ao nível do distrito de Chiúre, em particular, também se registaram muitas melhorias, não apenas nas vias de acesso, mas igualmente nos sectores da educação e do empreendedorismo juvenil.
"Hoje temos jovens empresários que, dentro das suas possibilidades, procuram sustentar-se através de actividades empreendedoras que dignificam o ser humano."
Manuel Virica Severino destacou, no entanto, que os 50 anos de independência não foram um mar de rosas, chamando a atenção para os fenómenos e desafios enfrentados pelo país ao longo desse período.
A vida da juventude reflecte os 50 anos?
"Deveria reflectir mais. Se analisarmos bem, veremos que esses 50 anos não foram fáceis. Saímos do colonialismo em 1975, e já em 1977 enfrentámos uma guerra civil que durou 16 anos. Mesmo após a assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, continuámos a viver conflitos internos, o que atrasou o desenvolvimento económico, social e político do país.
Hoje, a província de Cabo Delgado vive há mais de oito anos sob o flagelo do terrorismo, o que tem dificultado ainda mais o desenvolvimento da juventude. Acredito que poderíamos ser melhores, enquanto jovens, se não tivéssemos enfrentado tantos conflitos após a independência."
Na sua opinião, valeu a pena Moçambique tornar-se independente?
"Sim, valeu muito a pena Moçambique conquistar a sua independência. Veja: antigamente, só se estudava até à 3.ª classe, e chegar à 4.ª já era um grande desafio. Hoje, temos acesso ao ensino superior, ao mestrado e até ao doutoramento. Isso é fruto da independência."
O académico congratula os 50 anos de independência total de
Moçambique, destacando que o povo moçambicano conseguiu libertar-se do jugo
colonial e agora trilha o seu próprio caminho. Celestino Carlos
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