Nampula: Não há governo formal em Quinga. É o líder dos manifestantes quem tudo controla

Após as eleições, que antecederam um período de violência em todo o país, a vida em Quinga, um dos postos administrativos do distrito de Liúpo, província de Nampula, norte de Moçambique, nunca mais foi a mesma.

Mozanorte relata em detalhes a real situação de Quinga, um território onde atualmente quem manda é o líder dos manifestantes, que tem à sua disposição um exército de protecção composto por cerca de 50 homens. Ele é tudo e nada deve acontecer sem o seu consentimento.

Por exemplo, no dia 01 de Fevereiro de 2025, os directores das escolas primária e secundária de Quinga foram até lá para a abertura do ano lectivo, pois todos os funcionários públicos desse posto administrativo se encontram em Liúpo devido à insegurança no local.

Sucede que, até às 7 horas, já estavam lá e convidaram alguns pais e encarregados de educação, além dos próprios alunos, para iniciar a cerimónia de abertura solene do ano lectivo.

No entanto, uma hora depois, antes do início da cerimónia, apareceu o novo régulo desse posto com sua comitiva armada com catanas, composta por 50 homens, e sequestrou-os. A partir daí, tudo parou. O régulo se sentiu desrespeitado pelos directores e encarregados, pois não havia sido informado, e fez algumas perguntas: “Quem autorizou vocês a entrarem aqui sem o meu conhecimento? E quem é o presidente de vocês?”

Eles não souberam responder e ficaram retidos das 8h às 17h.

Esse régulo foi escolhido após orientação de um candidato nas últimas eleições e é tudo: chefe do posto, régulo, juiz e secretário. Trata-se de um posto administrativo que não reconhece a liderança do governo formal ou legal e tem adoptado acções violentas.

É uma zona restrita; o distrito perdeu o controle. Até hoje, não se efetuou matrícula, e não se sabe se haverá aula neste ano letivo.

Liúpo é um distrito onde não há uma liderança séria, apenas interesses próprios. É o único posto administrativo da zona norte dirigido por um régulo. Até agora, a província não se pronunciou sobre as ações do régulo e sua comitiva, mas ele está bem protegido e montou sentinelas desde a vila sede do distrito até lá, numa distância de 45 km.

É uma zona onde não se pode falar o nome do partido no poder, nem do seu presidente ou candidato, e quem o fizer será levado ao régulo para ser julgado. (BP)

Post a Comment

0 Comments