Agentes de Segurança ferem-se após troca de tiros em Lupiliche

 

Durante a calada da noite de segunda-feira, 29 de setembro, a localidade de Lupiliche, no Posto Administrativo de Cobué, distrito do Lago, província de Niassa, foi palco de um violento confronto armado entre agentes de segurança privada ao serviço de empresas mineiras de origem chinesa. 

A troca de tiros resultou em vários feridos, entre eles seguranças das próprias empresas envolvidas, alguns com ferimentos graves. Aqui foi como uma brincadeira de troca de tiros, ou simplesmente como nos filmes, de acordo com relatos locais.

O conflito teria sido motivado por uma crescente disputa pelo espaço de exploração de ouro, actualmente ocupado por mais de 20 empresas chinesas que operam na região sem uma delimitação clara das áreas atribuídas a cada uma. 

Segundo relatos locais, uma das empresas teria ocupado uma área considerada maior do que a das restantes, o que intensificou a tensão entre os operadores.

Uma fonte em Lupiliche, explicou que a situação é fruto da ausência de organização e da falta de envolvimento comunitário no processo de concessão das áreas de exploração. “Quando as mineradoras chegaram a Lupiliche, não houve uma entidade que delimitasse o espaço para cada empresa. Cada uma entrou e ocupou como quis”, afirmou.

A fonte acrescenta ainda que a população local está a ser completamente marginalizada neste processo. “Não houve consulta comunitária. A população só assiste tudo, sem nenhuma informação e até hoje não teve nenhum benefício”, declarou, alertando que, caso o problema não seja resolvido, a população poderá reagir em defesa dos seus recursos naturais.

Após o incidente, um grupo de seguranças pertencente a uma das empresas envolvidas foi desarmado pelas autoridades e permanece detido na sede do distrito desde quarta-feira passada.

Em Lupiliche, cada mineradora contratou a sua própria empresa de segurança para proteger os seus equipamentos e áreas de exploração, o que tem contribuído para o aumento da tensão no terreno.

As autoridades locais ainda não emitiram um comunicado oficial sobre o incidente, mas cresce a pressão para uma intervenção urgente que traga ordem, proteção dos interesses comunitários e um plano claro de gestão dos recursos minerais na região. (Davide Muianga)

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