Desmaios estão a "tirar paz" nas escolas de Mecanhelas

 


A localidade de Entre-Lagos, no distrito de Mecanhelas, província do Niassa, norte de Moçambique, viveu uma segunda-feira (13) marcada por grande tensão popular, na sequência de sucessivos desmaios de alunas da escola primária local. A revolta culminou com disparos da polícia e vandalização de instituições públicas.

As escolas não tiveram aulas por coincidir com o dia seguinte à comemoração do Dia do Professor, mas o momento que deveria ser calmo transformou-se em caos após o início de desmaios em série. Dezenas de adolescentes do sexo feminino foram afetadas. Embora os desmaios não tenham ocorrido dentro do recinto escolar, a instituição acabou sendo responsabilizada pelo fenómeno.

A confusão começou quando uma mulher alegou ter descoberto que havia práticas de bruxaria no pátio da escola e que algo "espiritual" deveria ser removido. Segundo relatos, a alegada falta de colaboração da direção da escola gerou indignação popular, que rapidamente evoluiu para desordem.

Durante os tumultos, o diretor da escola foi agredido, tendo sido posteriormente resgatado pela polícia e protegido no posto policial local.

A tensão aumentou e resultou no ferimento de duas pessoas por disparos policiais: um adolescente de 17 anos e um jovem de 20. Devido à gravidade dos ferimentos, ambos foram evacuados de imediato para o Hospital Distrital de Cuamba, conforme informou o enfermeiro do centro de saúde de Entre-Lagos, Óscar Bernardino.

A escola, a unidade sanitária e o posto policial sofreram danos ligeiros durante os confrontos.

Até o momento da retirada da equipa de reportagem de Entre-Lagos, os desmaios continuavam a ocorrer. As vítimas, bem como um suposto curandeiro envolvido no caso, recusaram-se a falar à imprensa, alegadamente por "ordens espirituais".

Na terça-feira (14), o fenómeno repetiu-se na escola secundária ESAM, também em Mecanhelas, onde três raparigas desmaiaram. Diante da situação já considerada antiga os munícipes do distrito exigem uma solução urgente.

Enquanto essa solução não chega, entre pais, encarregados de educação e alunos, prevalecem o medo e a incerteza em relação ao regresso à normalidade nas salas de aula. (Jaime Paculeque)

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