Enchentes nos bancos no distrito de Mueda provocam cobranças ilícitas

 


Desde que a província de Cabo Delgado foi afetada pelo terrorismo, os distritos locais enfrentam grandes dificuldades no atendimento bancário sobretudo os mais atingidos, como Palma, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia e Quissanga.

No norte da província, o distrito de Mueda é um dos poucos que ainda mantém serviços bancários regulares, uma vez que a segurança na vila-sede permanece estável desde o início das incursões terroristas. Mesmo assim, a situação apresenta sérios problemas de gestão e atendimento.

Devido às longas filas diárias, muitos funcionários dos estabelecimentos bancários aproveitam-se da situação para cobrar valores ilícitos aos clientes, com o objetivo de “facilitar” o atendimento. As cobranças variam, em média, a partir de 300 meticais, dependendo do caso.

O problema agrava-se durante o período de pagamento de salários de funcionários públicos e privados, bem como na época de levantamento das pensões dos antigos combatentes, o que causa uma enorme afluência aos bancos.

Militares e polícias destacados para os distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Nangade e Muidumbe também dependem dos serviços bancários de Mueda. Segundo alguns residentes locais, a prática de cobranças indevidas tornou-se algo “normal”, já que muitos se acostumaram à situação.

Há pessoas que chegam a esperar três a cinco dias para serem atendidas, acabando por ceder às cobranças para conseguir o serviço. Agentes das forças de defesa e segurança já relataram o problema aos seus superiores, pois muitas vezes permanecem até cinco dias à espera, apesar de terem apenas três dias de dispensa.

Mesmo assim, nenhuma solução foi apresentada. A situação é ainda pior para os antigos combatentes, que, sem conseguir levantar os seus valores, recorrem a intermediários alguns nem sequer são funcionários bancários, pagando até 500 meticais pelo “auxílio”.

O problema não é novo, e segundo alguns moradores, até o próprio governo distrital ou municipal de Mueda pode estar ciente da situação, uma vez que a população tem apresentado constantes reclamações. (BP)

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