Enfermeiros de Mocimboa celebram Dia Internacional homenageando os que perderam vidas

 

Esta segunda-feira, 12 de Maio, os enfermeiros de Mocímboa da Praia celebram o Dia Internacional do Enfermeiro com mais do que palavras celebram com memória, resistência e compromisso. A data, marcada mundialmente em honra a Florence Nightingale, ganha aqui um peso especial.

É uma homenagem viva àqueles que, mesmo em contextos de guerra, de fuga, de ausência de medicamentos e de medo, mantiveram-se ao lado do povo. Muitos não sobreviveram. Perderam a vida no exercício da sua missão: salvar outras vidas.

Em um país onde o sistema de saúde já carrega fragilidades históricas, em Mocímboa da Praia a realidade dos enfermeiros ultrapassam o limite da resiliência. Sem equipamentos suficientes, com escassez de medicamentos, e muitas vezes em ambientes sem as mínimas condições de trabalho, esses profissionais tornam-se verdadeiros pilares da comunidade.

Estão onde o Estado nem sempre chega, segurando mãos suadas pela febre da cólera, fazendo curativos a céu aberto ou amparando mães com filhos doentes ao colo, enquanto tentam manter-se firmes apesar da dor que também carregam.

Eles enfrentam a pobreza com mais do que bisturis ou seringas enfrentam-na com dedicação e humanidade. Lutam contra doenças como HIV, tuberculose, malária, e, mais recentemente, contra surtos de cólera que ameaçam especialmente as zonas mais pobres e deslocadas. E ainda assim, caminham. Caminham todos os dias para os centros de saúde com a roupa lavada na véspera, com o coração apertado e a cabeça cheia de perguntas sem resposta, mas com a força de quem sabe que o seu trabalho pode significar vida.

Contudo, em Mocímboa da Praia, não houve grande festa, mas lembrança. Há lágrimas por colegas que partiram, há abraços silenciosos entre profissionais que resistem juntos, e há esperança essa que nunca os abandonou de que um dia, cuidar de alguém não custe a própria vida. Que neste 12 de Maio, o país olhe para os enfermeiros não com pena, mas com respeito. Não com discursos, mas com acção. Porque onde há um enfermeiro, há um coração a lutar por todos nós. Armando Antonio

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