Em plena luz do dia, no último domingo que seria mais um dia de trabalho na distribuição de faturas de água um funcionário das Águas da Região Norte–Nacala, cuja identidade não foi revelada, foi retido pela população do bairro de Ribáué, distrito de Nacala-Porto, província de Nampula, no norte de Moçambique.
O episódio ocorreu na manhã de domingo, quando a população aguardava pelo jorramento de água nas suas torneiras, visto que a escala de distribuição para o bairro é aos sábados e domingos. No entanto, em vez de receberem água, os moradores foram surpreendidos pela visita do funcionário num dia em que, segundo eles, é raro ver trabalhadores em regime de horário único exercerem atividades.
Nesse contexto, os populares exigiram a presença do diretor da ADRN–Nacala, afirmando que queriam expor as suas preocupações sobre a crise de água que já dura cerca de quatro meses no bairro de Ribáué. Somente após essa conversa, diziam eles, o funcionário seria libertado.
Ouvida pelo Mozanorte, a população relatou.
“O nosso grande problema aqui é a falta de água. Já estamos cansados da ADRN. Dizem que fornecem água para nós, mas é difícil. Antes, quando o chefe Camilo estava aqui, tínhamos água todos os sábados e domingos. Mas depois da chegada desse senhor chamado Michael, estamos a passar mal. Por isso retivemos este jovem distribuidor de faturas: queremos devolver-lhe as faturas. E só iremos libertá-lo quando o diretor dele ou o senhor Michael vier aqui”, frisou uma das moradoras no local.
Outros relataram noites mal dormidas.
“Estamos a passar dias difíceis. Para ter água, temos de cavar todos os dias, sugar a água como se a estivéssemos a chamar. Os meus lábios doem de tanto sugar a mangueira. Pedimos que resolvam este problema. Já tentamos ir até ao FIPAG falar com o diretor, mas os funcionários não nos deixam falar com ele. Já até deixamos de pagar as faturas, porque não faz sentido pagar água que não sai. Preferimos não pagar.”
Vale recordar que o funcionário da ADRN–Nacala foi retido desde as 7 horas e só foi libertado por volta das 11 horas, após o líder do bairro sensibilizar os moradores. Aliás, até ao fecho desta reportagem, a equipa do Mozanorte permaneceu no local, onde testemunhou um fornecimento do precioso líquido por apenas cinco minutos. (Gabriel Cassimo)
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