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Governo de Nampula deve milhões de meticais em subsídios a alfabetizadores desde 2023.
Mais de 2.900 alfabetizadores voluntários que prestam serviço nos Centros de Alfabetização e Educação de Adultos e Jovens (AEAJ) na província de Nampula estão há mais de dois anos sem receber os seus subsídios.
A dívida acumulada pelo governo provincial ultrapassa os 56 milhões de meticais, conforme revelou esta semana o director da Direção Provincial da Educação (DPE), Wiliam Tunzine.
Os subsídios deixaram de ser pagos no segundo trimestre de 2023, afectando diretamente os educadores que, mesmo enfrentando dificuldades financeiras, continuam a leccionar por vocação e compromisso com a educação.
Segundo Tunzine, a falta de pagamento está relacionada à escassez de fundos no sistema de educação local “Na província de Nampula, temos cerca de 85 mil alfabetizandos e cerca de 2.900 alfabetizadores voluntários. Reconhecemos os problemas no pagamento dos subsídios, e não se trata apenas de Nampula, mas de uma situação nacional. Desde o segundo semestre de 2023 até julho de 2024, não conseguimos pagar devido à falta de transferências de fundos para a nossa direção”, explicou o dirigente.
Entretanto, Tunzine afirmou haver uma "luz verde" para o pagamento da dívida, indicando que os subsídios em atraso poderão começar a ser pagos a partir de setembro deste ano.
A reportagem do Ikweli visitou vários centros nos arredores da cidade e distrito de Nampula e ouviu alfabetizadores revoltados com a situação. No Centro de Alfabetização Nossa Senhora da Paz, o educador voluntário M.M, que está há três anos sem receber qualquer valor, relatou o impacto da dívida em sua vida.
“No ano de 2023, o subsídio era de 650 meticais. Em 2024, subiu para 1.500 meticais, mas até agora não recebemos nada. Mesmo assim, continuamos a ensinar porque temos amor ao próximo e acreditamos no valor da educação”, disse M, revelando que, para sustentar a família, precisa realizar trabalhos domésticos antes de se dedicar às aulas.
Outros alfabetizadores reforçaram o apelo por uma resposta urgente do governo, alertando que a situação é insustentável.
Apesar da situação crítica, a maioria dos alfabetizadores mantém-se activa nos centros, motivados pelo compromisso social e a importância da alfabetização de adultos em comunidades com altos índices de analfabetismo.
A sociedade civil e os próprios educadores pedem agora uma resposta urgente e concreta das autoridades, temendo que a continuidade do programa de alfabetização fique comprometida. (Mozanorte)
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Gostei valeu
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