O distrito
de Chiúre está localizado no sul da província de Cabo Delgado e faz limite com
a província de Nampula através do rio Lúrio.
Chiúre
é o distrito mais populoso da província, com mais de 300 mil habitantes,
distribuídos em seis postos administrativos: Chiúre-Sede, Mazeze, Chiúre-Velho,
Ocua, Namogelia e Katapua.
A
maior parte da população do distrito dedica-se à prática de agricultura de
subsistência, com destaque para o cultivo de produtos como mandioca, milho,
gergelim e feijão. Além disso, atividades como o comércio informal e o garimpo
ilegal também são comuns. O distrito é muito calmo e acolhedor, mas a sua
população é um pouco rebelde quando se trata de assuntos que não lhe dizem
respeito. Ou seja, é uma população que não aceita brincadeiras e, quando decide
agir, faz-no com determinação.
Essa
tradição é visível em todos os postos administrativos, com cada povo, segundo
sua tradição, construindo seu modo de vida para o bem-estar coletivo. Em
resumo, a população de Chiúre é linda, amável, com boas brincadeiras, danças
tradicionais aconchegantes e que transmitem as mensagens dos antepassados em
tempos modernos.
O
distrito de Chiúre é rico em recursos minerais. Pelo menos os minerais mapeados
incluem rubi, ouro, turmalina e grafite. Há informações que sugerem a presença
de jazigos de ferro, petróleo e até diamantes na região, mas até agora não foi
provada a existência desses minérios. Além disso, Chiúre possui uma vasta
floresta que se estende até o Parque das Quirimbas, abrangendo os distritos de
Montepuez, Namuno e Balama.
Em
relação à madeira, o distrito é rico em várias espécies, com destaque para a
Umbila, Chanfuta e Jambir, que são amplamente utilizadas localmente para o
fabrico de móveis.
Chiúre
também possui terras férteis para a prática agrícola, que não necessitam de
adubos. A população local produz uma grande quantidade de mandioca, milho,
gergelim e feijão. Nos últimos tempos, introduziu-se a prática de horticultura,
com a produção de repolho, alface, couve e tomate.
Apesar
de tanta riqueza, a população de Chiúre enfrenta grandes desafios no acesso a
serviços básicos. O sistema de saúde é precário, com muitas pessoas tendo que
percorrer longas distâncias apenas para tratar doenças simples, como dores de
cabeça, malária e diarreia. O Ministério da Saúde formou agentes polivalentes
elementares de saúde (APES), mas estes frequentemente se queixam da falta de
medicamentos ou do atraso no envio de suprimentos, o que dificulta ainda mais o
acesso à saúde. As mulheres grávidas, por exemplo, enfrentam dificuldades para
fazer consultas pré-natais e, no momento do parto, muitas acabam recorrendo a
matronas tradicionais.
Na
área da educação, a situação é igualmente grave. Muitas escolas não têm infraestrutura
adequada, e as crianças continuam a estudar ao ar livre. Um exemplo disso é a
Escola Primária de Miralene, na Vila Municipal de Chiúre, que não possui salas
de aula adequadas, funcionando apenas com salas de matope cobertas de capim,
uma situação que se repete em outros pontos da região.
No que diz respeito a água e saneamento, as infraestruturas são insuficientes. O distrito conta com apenas dois sistemas de abastecimento de água: um na Vila Sede e outro no Posto Administrativo de Katapua, que já não está em funcionamento. Em Namogelia, o sistema ainda está em construção.
Em grande
parte do distrito, o fornecimento de água é feito através de furos, mas, devido
à profundidade do lençol freático, em algumas áreas não se consegue localizar água
durante as pesquisas. Como resultado, a população dessas zonas recorre à água
dos rios, percorrendo longas distâncias para obter esse recurso precioso.
Para minimizar essa situação, algumas pessoas sugerem o aproveitamento dos rios da região, como o rio Lúrio, que possui grande capacidade de abastecimento e poderia atender todo o distrito, caso houvesse recursos financeiros para a construção de barragens.
O rio Megaruma, o segundo maior após o Lúrio, também
poderia ser uma alternativa, desde que houvesse as condições financeiras para a
implementação dos projetos necessários. No entanto, todas as pessoas
contactadas pela Mozanorte destacaram que o principal obstáculo para essas
iniciativas é a falta de dinheiro, pois a construção dessas barragens exige grandes
investimentos. (Celestino Carlos)
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