A tranquilidade de Awassi,
uma pequena aldeia em Mocímboa da Praia, norte de Cabo Delgado, foi quebrada
nesta manhã de sábado, com a chegada de três indivíduos suspeitos, enviados por
grupos terroristas para fazer vigilância na região.
A movimentação incomum
rapidamente despertou preocupação entre os moradores, que, ainda traumatizados
com os episódios de violência dos últimos anos, vivem em alerta constante.
Diante da presença dos
infiltrados, as forças de segurança agiram com rapidez. Um dos suspeitos
conseguiu escapar antes da intervenção, enquanto outro foi abatido durante o
confronto.
O terceiro foi capturado e, neste momento, está sob custódia no comando da polícia, onde será interrogado para fornecer informações sobre os planos dos insurgentes, disseram várias fontes.
O episódio intensificou o
sentimento de insegurança que ainda paira sobre a população local. Muitos se
perguntam até quando viverão sob essa ameaça, temendo que novas tentativas de
infiltração resultem em ataques directos contra aldeias indefesas.
“Nós queremos paz, queremos
viver sem medo. Mas cada vez que ouvimos falar que eles estão por perto,
voltamos a reviver o pesadelo”, desabafa um morador, reflectindo o cansaço
emocional de quem já perdeu muito para a guerra.
Desde a retomada de Mocímboa
da Praia pelas forças de defesa moçambicanas e ruandesas, em agosto de 2021,
houve avanços significativos na reconstrução da vila e no retorno da
normalidade. No entanto, episódios como esse mostram que a ameaça não foi
completamente eliminada.
Os terroristas ainda tentam
se reorganizar, testar fragilidades e manter a população sob medo.
A captura de um dos
insurgentes poderá fornecer pistas valiosas sobre as estratégias e os
esconderijos dos grupos armados que ainda operam na região. Mas, para os
moradores, isso não basta. Eles clamam por uma presença mais robusta das forças
de segurança, estratégias mais eficazes para a proteção das aldeias e um
esforço coordenado para erradicar de vez essa ameaça.
A situação em Awassi é um
reflexo de um problema maior que persiste em Cabo Delgado.
Enquanto os insurgentes
continuarem a testar os limites da segurança, a paz plena permanecerá como um
sonho distante. Mas, para aqueles que resistem e reconstroem suas vidas todos
os dias, a esperança ainda é mais forte do que o medo. (Armando António)
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