Mbamba, Moçambique – 3
de Maio de 2025 Na noite de 29 de abril, um ataque armado atingiu o Centro
Ambiental e de Formação da Mariri e a sede do Projecto Carnívoros do Niassa
(NCP), localizados no sudeste da Reserva Especial do Niassa, no norte de
Moçambique. O grupo Estado Islâmico de Moçambique (ISIS-Moçambique) reivindicou
a autoria do atentado, agravando ainda mais a situação de insegurança que se
tem alastrado pelo norte do país.
Segundo comunicado
oficial emitido pelo Niassa Lion Project que gere o Projecto Carnívoros de
Niassa e o Centro Ambiental da Mariri, este ataque marca uma escalada alarmante
no conflito armado, afetando agora uma das áreas de conservação mais
emblemáticas de Moçambique. A região, conhecida pela sua biodiversidade e pelos
esforços de preservação da vida selvagem, viu-se transformada em cenário de
violência e medo.
A equipa do NCP já
havia iniciado uma evacuação parcial do acampamento em Mariri no dia 20 de
abril, após um ataque anterior do mesmo grupo à Kambako Safari, ocorrido a 19
de abril. Na ocasião do ataque mais recente, entre as 17h00 e as 18h00, fiscais
da organização ainda se encontravam no local, com apoio de soldados das Forças
de Defesa e Segurança de Moçambique.
O incidente resultou
na morte trágica de dois fiscais do NCP, Domingos Daúde e Fernando Paolo
Wirsone. Um terceiro fiscal, Mário Cristóvão, ficou gravemente ferido, foi
resgatado e transferido para um hospital em Maputo, onde se encontra estável.
Outros dois fiscais permanecem desaparecidos. As buscas continuam, com a equipa
da organização empenhada em encontrar os colegas e prestar apoio às famílias.
"Estamos todos
profundamente abalados", diz o comunicado. "Enviamos as nossas mais
sentidas condolências às famílias de Domingos e Fernando, e o nosso apoio
incondicional às famílias dos desaparecidos. Este é um momento de dor e
resiliência para todos nós."
O ataque também causou
a fuga em massa de moradores da aldeia vizinha de Mbamba, com cerca de 2.000
habitantes, que se refugiaram no mato em busca de segurança. Desde então, o NCP
tem mobilizado esforços para garantir a evacuação segura de colaboradores e
residentes para Mecula, sede distrital.
O comunicado apela à
solidariedade da comunidade nacional e internacional: “Partilhar esta
informação é uma forma de agir. Os nomes de Fernando e Domingos devem ser
lembrados. Os nossos fiscais desaparecidos e as suas famílias importam. A
esperança só sobreviverá se houver acção.”
A Reserva Especial do
Niassa, um dos maiores refúgios de biodiversidade da África Austral, agora
enfrenta não só a ameaça à sua fauna, mas também à vida humana e ao trabalho
incansável de quem luta pela conservação. (Mozanorte)
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