A população da localidade de Awassi, no distrito de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado cometeu graves violações de direitos humanos contra um idoso oriundo da aldeia de Naquitengue, no mesmo distrito.
Segundo informações, o idoso havia deixado sua aldeia devido às incursões terroristas que assolam aquela região. Contudo, antes de abandonar sua aldeia, supostamente ele teria assassinado dois membros da própria família e distribuído a carne dos corpos a outras famílias, com a promessa de, futuramente, receber essa carne de volta.
Como muitas aldeias de Mocímboa estavam abandonadas, inclusive a vila-sede, o homem procurou um local mais seguro onde pudesse permanecer enquanto aguardava o restabelecimento da segurança em sua aldeia.
Com o tempo, a situação começou a se normalizar e a população passou a retornar às suas aldeias. O idoso então dirigiu-se à aldeia de Ntotwe, ainda no distrito de Mocímboa da Praia. Em 07/09/2025, durante um ataque ao bairro 30 de Junho, em Mocímboa, o homem alegadamente recebeu a “carne” prometida anos antes referente aos familiares que ele havia matado em Naquitengue das pessoas que estavam agora na vila-sede.
Após receber essa carne, ele retornou à aldeia de Ntotwe. No entanto, os habitantes locais perceberam que ele trazia carne consigo e o expulsaram. O homem seguiu para a aldeia de Mumo, onde também foi expulso poucos dias depois. Sem ter onde ficar, acabou indo para a aldeia de Awassi.
Ao descobrirem quem ele era e o que carregava, a população de Awassi já ciente da história que se espalhava por toda a região, o confrontou. Ele foi apedrejado e agredido com galhos e pedaços de madeira, até perder a consciência. Horas depois, militares chegaram ao local e o levaram ao hospital distrital de Mocímboa da Praia, onde acabou falecendo.
Segundo relatos, em nenhuma das aldeias por onde passou o idoso deixou a carne que carregava, o que motivou as constantes expulsões. A carne em questão não era visível a olho nu, mas acredita-se que algumas pessoas com dons espirituais conseguiam percebê-la, pois se trataria de feitiçaria. Trata-se de questões de superstição ou relacionados com a magia africana. (BP)
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